Edição 917 (9 de dezembro de 2006)

ARQUIVO
Imaginar é preciso

Certo dia, um rapaz inglês disse: “Imagine todas as pessoas...”. A frase insiste em perdurar até hoje, não sei porquê. Talvez, realmente necessitemos de um oásis, de um colírio, de uma fuga do mundo real, que é tão cruel, para ainda sim pretendermos e almejarmos algo melhor do que isso. Não se entende para que invadir um país a procura de algo (e não achar), ou então investir bi, bilhões para procurar água em outro planeta. Os problemas na Terra já são tantos, e ainda estamos procurando soluções em Marte. Não sou matemático, mas acredito que com todo esse capital, muita gente poderia sobreviver da fome. Enquanto nós reclamamos que estamos atrasados uma hora do horário habitual do almoço e que estamos “morrendo de fome”, a cada 4 segundos uma criança realmente falece de inanição no mundo. É isso o que motiva algumas pessoas a protestarem e a tomarem gosto pelo agir, ter vontade de fazer alguma coisa para melhorar o mundo em que vivemos.


E uma grande pessoa, que tinha esse raro caráter, era John Winston Lennon. O compositor britânico nasceu em 9 de outubro de 1940, em Liverpool, na Inglaterra. Seu pai, Alfred Lennon, teve de deixá-lo ainda novo por motivos de trabalho. Abandonada pelo marido, sua mãe, Julia Stanley Lennon, deixou o filho para a irmã criar. E durante toda essa parte de sua infância e adolescência, viveu com sua tia Mimi. Apesar de tudo, sua mãe sempre o visitava; e após uma dessas visitas, em 1958, quando John tinha 17 anos, morreu atropelada.

Dentro desse contexto que Lennon conheceu Paul McCartney, que também era jovem, tinha 14 anos, quando sua mãe faleceu de câncer. Os dois se tornaram grandes amigos, fundando os Beatles, junto ao jovem George Harrison.

Na escola, aluno problemático, mas mesmo assim aceito na escola de artes de sua cidade natal. Foi lá que John conheceu Cynthia Powell, com a qual se casou em 62. Tiveram um filho de nome Julian, em homenagem à sua mãe. Como os Beatles estavam fazendo sucesso naquele momento da carreira, o empresário tentou esconder o fato de John ser casado e ter um filho, para não perder suas fãs (algo que não durou muito até ser descoberto).

Com um casamento sem nenhuma solidez, John conhece Yoko Ono e deixa a mulher para viver com a artista japonesa. Mais um filho, Sean Ono Lennon. Com Yoko, John Lennon passou a freqüentar a seita indiana Hare Crishna e a se envolver mais com a situação mundial. Dali em diante, não tinha mais jeito, se tornou um soldado da paz, lutando contra as guerras que aconteciam na época, como em novembro de 1969, quando devolveu à rainha Elizabeth II o seu título de MBE (membro do império britânico) em protesto ao apoio da Inglaterra aos Estados Unidos na guerra do Vietnã. O casal também realizava o chamado “Bed-in for Peace”, uma reunião com a imprensa em favor da paz mundial numa cama de hotel.

O vocalista dos Beatles foi também o mais polêmico deles, principalmente ao citar que eram mais populares que Jesus Cristo e que o Cristianismo um dia vai acabar, o Rock’n’Roll, nunca. O movimento musical continua e cresce a cada dia mais até hoje, mas John Lennon ficou pelo caminho, assassinado em 8 de dezembro de 1980, 26 anos atrás. Entrando no seu edifício Dakota, em frente ao Central Park, em Nova Iorque, John é abordado por um jovem, que tomara seu autógrafo naquela tarde. O rapaz, que era fã de Lennon e dos Beatles, atirou num dos maiores homens que essa humanidade já viu. O autor do crime foi preso no ato pela polícia e confessou que tinha lido num livro uma mensagem subliminar que dizia que John Lennon tinha que ser morto. Foi criado no Central Park um memorial rosário chamado “Strawberry Fields Forever”, com a inscrição Imagine ao centro.

Vale lembrar que a data de sua morte é também a do falecimento do mestre da música brasileira, Tom Jobim. Por coincidência ou não, dois grandes músicos que ainda vão encher muito nossos ouvidos de boa música, e particularmente John Lennon, encher nossas cabeças de suas mensagens de paz e amor, para um mundo melhor. Talvez o que o homem mais necessite nesse momento não sejam guerras e mortes, mas sim imaginação.

BEAT
“Vá para casa”
A dica para um bom ouvinte é o DVD U2 Go Home. O show foi gravado em 1.º de setembro de 2001 no Slane Castle, em Dublin, Irlanda, pela turnê Elevation. Uma apresentação memorável de uma das maiores bandas de todos os tempos. O público privilegiado viu cenas antológicas como quando Bono se envolve numa bandeira enorme da Irlanda; também, parte dos espectadores viveu o domingo de 30 de janeiro de 1972, o Domingo Sangrento, e vibrou com a canção Sunday Bloody Sunday e com Bono falando nome por nome as vítimas do episódio. Nos extras, um documentário do 4º disco da banda, Unforgettable Fire, que mostra os bastidores das gravações no próprio Slane Castle e em estúdio.

SEMIFUSAS
Leilão de gente grande
Nesta segunda, 4, no famoso point leiloeiro Casa Christie’s, teve gente pagando 192 mil dólares pelo manuscrito da música Maxwell’s Silver Hammer, de Paul McCartney. O abonado foi um americano, que fez o maior arremate de um lote de pertences de músicos. Ainda assim, ficou abaixo da estimativa de US$ 200 mil. Outros itens foram leiloados como uma guitarra de Jimi Hendrix, que ficou em US$ 168 mil, e um caderno com letras manuscritas de Bob Marley, vendido por US$ 72 mil.

Canadense pesado
Algo que agrada é o surgimento de novas bandas. Essa não é tão nova, mas está ganhando cada vez mais espaço na mídia norte-americana. O grupo canadense Three Days Grace lançou nessa semana o seu segundo disco, One-X, contando com o reforço de mais um guitarrista, além do também vocalista Adam Gontier, para deixar o som ainda mais pesado, sem perder a base do característico rock melódico. Procurem ouvir essa banda, porque futuramente estará nas paradas de sucessos mundiais, inclusive no Brasil.