Edição 927 (17 de fevereiro de 2007)

ARQUIVO
Vulcão Van Halen



Antes de começar a escrever esse texto, tinha de ouvir mais uma vez aquele revolucionário solo de guitarra. Todos os elementos, misturas de escalas, técnicas com a mão direita, efeitos, usos da alavanca de tremolo e do slide, tudo mesmo estava incluído ali. É a primeira faixa do disco Best of Volume 1. Quando apertei o play e os alto-falantes do pequeno rádio começaram a vibrar, a sensação era a de se estar voando sobre algo quente, e ao se olhar para baixo, via-se a lava em ebulição do vulcão Van Halen. Então, quando a guitarra de Eddie passava a dominar a sonoridade, a erupção era inevitável. O som comum a todos os ouvidos do mundo, o de Edward Van Halen, explodia pelo ar como, realmente, a lava vulcânica liberada em uma erupção. E esse fenômeno natural foi a inspiração para o fenômeno musical que alavancou a carreira da banda Van Halen. Em 1978, quando lançaram seu primeiro disco, a música Eruption foi a grande sensação da época, tanto para a crítica musical e o público quanto para os guitarristas influenciados pelo hard rock que surgia junto do Van Halen.

No meio da década de 70, surgia o Van Halen, em meio a uma safra punk muito proveitosa no mundo todo. O guitarrista da banda é um dos mais conceituados no mundo. É simplesmente o mágico Edward Lodewijk Van Halen, vulgo Eddie Van Halen. Nascido na Holanda em 26 de janeiro de 1955, faz parte de um seleto grupo de “dinossauros do rock”, que influenciou não só o modo de se tocar guitarra, mas o modo de se viver de sua respectiva época.

Ao lado de David Lee Roth, o vocalista clássico do Van Halen (apesar de o grupo já ter contado com a presença de Sammy Hagar e Gary Cherone nos vocais), Michael Anthony e seu irmão Alex Van Halen, Eddie viveu nos palcos em uma época em que o cigarro era moda (em 1984, inclusive, foi lançado o álbum que tem a capa clássica do bebê fumando, nomeado com o ano de seu lançamento, 1984). Talvez por isso o Van Halen não tenha o espaço merecido na mídia mundial, apesar de exercer muita influência nesta até hoje.

Olha que de influência Eddie Van Halen entende muito bem: suas técnicas são usadas e estudadas até hoje. Uma de suas caraterísticas é a de tocar a guitarra martelando as cordas com os dedos da mão direita (ele é destro). Essa técnica é conhecida por tapping. Logo, as notas ficam mais “ágeis”, proporcionando um efeito de “multiplicação” destas. Se assim Eddie já é muito hábil, com a palheta engatilhada então, nem se fala: suas palhetadas são muito rápidas, fazendo trinados à velocidade da luz.

Os quatro integrantes do grupo participam do quesito composição. As harmonias e letras são bem escritas, como em Why Can’t This Be Love e Dreams, e, muitas vezes, misteriosas e com muitas tensões, como na canção Right Now. O trabalho do Van Halen vem se mostrando cada vez mais inovador nos últimos anos.

Aliás, inovação foi o que fez Eddie ao ser o principal usuário das guitarras com sistema de ponte Floyd Rose (adotado, na época, por várias fábricas, inclusive a Fender, que quase levou a Gibson à falência). Esse sistema consiste em a ponte ser móvel para o uso da alavanca e ter pequenos botões de micro-afinação, como em um violino. Tocava muitas vezes com apenas um captador instalado e com somente o botão de volume. Em tudo, Eddie entrou para a história.

E adivinha o que fiz depois de salvar o texto e desligar o computador? É claro que ouvi as outras 16 canções da coletânea do Van Halen, prestando muita atenção na guitarra de Eddie Van Halen, eterna e revolucionária. Não levando ao pé da letra, acredito que uma “erupçãozinha” de vez em quando (ou melhor, sempre!) não faz mal a ninguém.

BEAT
Rock mais reggae
O resultado dessa soma já é mais que conhecido há mais de quinze anos. São os mineiros do Skank, em um show fantástico no entardecer mineiro da histórica Ouro Preto, registrado em 7 de julho de 2001, no DVD MTV Ao Vivo. O grupo relembra todos seus sucessos ao completar, na época, uma década de estrada. Fechando a apresentação com a clássica É Proibido Fumar, de Roberto Carlos, com uma participação ativa do público presente, a qualidade desse show é só mais uma prova de que o bom trabalho do quarteto vem rendendo ótimos frutos.

TRÊS
Três músicas para se ouvir no ócio (momento fértil da nossa imaginação):

Fly Away – Lenny Kravitz
Call Of Ktulu – Metallica
Vôo Livre – Roupa Nova