Edição 1001 (19 de julho de 2008)

Uma instituição do heavy metal



olf Kasparek, mais conhecido como “Rock and Rolf”, e o Running Wild já se tornaram patrimônios vivos do rock. Para quem não conhece, o Running Wild é uma banda alemã de heavy metal que é considerada uma das precursoras do estilo no mundo. Sua fundação data de 1976, apesar do primeiro lançamento ser apenas de 1982. Na época, os alemães já estavam se acostumando com o fato do país ter sido um dos berços do hard rock através dos irmãos Schenker e do Scorpions. Porém, levando-se em conta a já consagrada existência do Black Sabbath e o estouro de popularidade do Iron Maiden, talvez as duas figuras mais importantes da história do heavy, ambas inglesas, o Running Wild chegou com algo novo na terra germânica. Principalmente no começo da carreira da banda, os vocais de Rolf eram muito agressivos, beirando ao death metal, mas audíveis. Talvez esse tenha sido o principal choque nos ouvidos da Alemanha, que estavam amaciados pelo vocal melódico de Klaus Meine.

O disco clássico do Running Wild é, sem dúvidas, o Under Jolly Roger, de 1987, que contém música homônima, um dos maiores sucessos da banda. Desde o começo, inclusive nesse álbum, a temática pirata é o principal assunto das letras de Rolf. “Jolly Roger” é a famosa bandeira pirata, aquela mesmo, a da caveira.

A sonoridade da banda é única. É daquelas que não se misturam com outro estilo: é heavy metal em seu mais cru estado, apesar de alguns críticos classificarem parte da obra do grupo como hard rock ou speed metal. Todavia, o Running Wild é uma banda que eu recomendo. Como o propósito de Rolf nunca foi ficar milionário com a música, isso segundo ele, a banda nunca fez grandes trabalhos de divulgação nem shows fora do ciclo Europa-EUA. Mesmo assim, os fãs aqui no Brasil não são em pequeno número.

Fica a dica de uma ótima banda, com ótimas músicas: Riding The Storm, Bad To The Bone, Death Or Glory e muitas outras. Procurem saber. É heavy metal puro. Além disso, a banda atende, na minha opinião, dois requisitos importantes: são europeus e são antigos. Apenas tome cuidado para não sacudir muito a cabeça e quase ficar cego, assim como fez um baixista de uma banda escocesa chamada The Day I Vanished. O headbanging foi tão forte que a retina de um de seus olhos deslocou-se! Pelo menos, ele vai entrar no clima pirata do Running Wild — provavelmente vai usar um tapa-olho após a cirurgia.


obert Plant, em entrevista em Toronto, foi perguntado sobre um possível retorno do Led Zeppelin para fazer uma turnê (esse assunto é exaustivamente tratado após uma única apresentação, em dezembro do ano passado). A resposta foi surpreendente. Plant fingiu estar dormindo, simulou um ronco e completou: “Me acorde quando ela [a repórter] tiver ido embora”. Três conclusões sobre o acontecido. Primeira: o Led não precisa de reunião, pois não tem que provar nada a ninguém. Segunda: todo mundo sabe da história que o nome “Led Zeppelin” só seria usado na presença dos quatro integrantes do grupo. O show de dezembro de 2007 foi uma milagrosa e provavelmente única exceção. E como John Bonham morreu há quase 30 anos... O que me cansa é a imprensa estar sempre batendo na mesma tecla. Terceira: o senso de humor de Robert Plant está apuradíssimo. Resta-nos rir.