Edição 990 (3 de maio 2008)

Robertinho de Recife: não é axé, não!

ma grata surpresa me veio nesta semana. Navegando pelos blogs da rede mundial de computadores, descobri um guitarrista brasileiro que é considerado por muitos críticos como o melhor da história da música brasileira, levando-se em conta inclusive a MPB, não só o BRock. Seu nome é Robertinho de Recife. Você deve conhecê-lo mais até pelas músicas infantis (e infames) que lançou, como O Elefante e É de Chocolate, com o Trem da Alegria. Mas, ainda bem, Robertinho viajou por muitos outros estilos musicais, passando pela MPB de Fagner, pelo heavy metal da Metal Mania e pela, pasmem, música clássica do seu projeto Rapsódia Rock. Atualmente mantém um estúdio no Rio de Janeiro e só trabalha com feras, como Zé Ramalho, Cidade Negra e Zélia Duncan.

Primeiramente, é muito importante destacar os músicos brasileiros, ainda mais os que fazem boa música em terra de quem gosta de escutar só lixo. E o Robertinho de Recife é um desses ótimos compositores e intérpretes conterrâneos nossos. Ele nasceu na capital pernambucana, como seu próprio nome informa. Desde os 12 anos de idade já tocava com umas bandas de Recife e era notado como um guitarrista virtuoso. Realmente, Robertinho nos lembra muito o estilo de Eddie Van Halen. Utiliza bastante a técnica criada pelo “guitar hero” holandês, o tapping.

Lançou seu primeiro disco, Jardim de Infância, em 1977. Alguns outros álbuns vieram depois. Mas o que achei foi a pérola Metal Mania, de 1984, um dos primeiros discos de heavy metal feitos no Brasil. A guitarra é simplesmente fantástica, mas os vocais... Robertinho de Recife, como cantor, é um ótimo guitarrista. Tanto é que pouco tempo depois do lançamento ele providenciou um outro vocalista para seguir com os shows da Metal Mania.

Logo na primeira faixa, Fantasia Preto e Prata, um solo de guitarra sensacional, escancaradamente inspirado em Van Halen. Mas nada de cópia, tudo bem original. Nas outras músicas, a tosquice das letras só não chama mais atenção que os riffs de guitarra porque às vezes não dá para ouvir o que o Robertinho está cantando. Além disso, porque, é claro, uma guitarra bem tocada, assim como qualquer outro instrumento, se sobrepõe numa música.

Um outro solo muito conhecido é o da música Revelação, de Fagner. Seqüências alucinantes de notas executadas com um feeling bem brasileiro mesmo. Em 1990, Robertinho de Recife, após a turnê da Metal Mania, lançou o disco Rapsódia Rock, junto de um projeto que contava com vários shows. Nestes, Robertinho, fantasiado igual a Mozart, misturava ritmos aliado a uma orquestra. O resultado foi muito bom.

Hoje, ele mantém um estúdio no Rio e faz pouquíssimas participações em álbuns de amigos, infelizmente. Você que não conhece o Robertinho de Recife, procure saber. Um grande guitarrista brasileiro. Você não vai se arrepender.

Enfim, o fim

cho que “enfim” não é a palavra certa. Parece que eu estava esperando ansiosamente que isso acontecesse. Mas, depois de tantas discussões e indiretas (as mais diretas possíveis), enfim, está prestes a acabar a carreira da segunda banda com mais discos de ouro da música, o Rolling Stones. Acontece isso por causa de brigas entre o Mick Jagger e o Keith Richards há vários anos. É claro que ninguém desejava que o fim chegasse mas, como não podemos fazer nada, o jeito é rir das declarações que um dava sobre o outro.

Por exemplo, recentemente, quando perguntaram a Mick o que ele achava da autobiografia de Richards, ele disse assim: “Será interessante. Quero dizer, acho que uma pessoa deveria se lembrar da própria vida para depois poder escrevê-la”, fazendo alusão à perda de memória de Keith Richards por causa do uso excessivo de drogas. Já um pouco antes, em 2003, Richards criticou Mick por este ter aceitado o título de “Sir” conferido pela coroa inglesa. Mick Jagger, com aquele sarcasmo mais que presente, retrucou: “Ele está se comportando como uma criança que reclama porque não ganhou o sorvete”.

Após 45 anos de carreia, o Rolling Stones dificilmente fará novas apresentações. O clima está pesadíssimo entre os integrantes, principalmente, lógico, entre Mick Jagger e Keith Richards. Porém eu coloquei “dificilmente”. Não quer dizer impossível.