Edição 925 (3 de fevereiro de 2007)

ARQUIVO
Mudando o curso da história



Não há dúvidas sobre quais são as principais bandas e os principais guitarristas que escreveram seu nome na história do rock. Desenharam sua trajetória e se tornaram indispensáveis na formação e influência de novos guitarristas. Além de muitos outros (como Jimmy Page e o Led Zeppelin, Jimi Hendrix e o Experience, The Edge e o U2), Ritchie Blackmore e o lendário Deep Purple mudaram o curso da história. O Deep Purple (Blackmore foi um dos fundadores da banda) representa muito (bota muito nisso!) na longa história do rock’n’roll.

Não foi só no Deep Purple que Richard Hugh Blackmore (nascido em Weston Super Mare, na Inglaterra, em 14 de abril de 1945) fez sucesso e conquistou fama. Depois de muitos transtornos e brigas com outros integrantes (e conseqüente saída sua do grupo), Ritchie fundou o Rainbow, banda da qual seria o único líder. Mais tarde, deixou-a de lado e voltou ao Deep Purple, numa reunião com os principais integrantes da banda. Em 1994, mesmo depois desse retorno, fazendo uma volta triunfal e gravando discos memoráveis, novamente teve desavenças com o vocalista Ian Gillan. Não se contentou e voltou com reformulações para o Rainbow. Em 1997, fundou a banda com que realiza apresentações até hoje, o Blackmore’s Night.

Antes de seguir sua carreira como guitarrista, ganhou de seu pai o primeiro violão, aos dez anos de idade. Foi do doador do presente que também recebeu aulas de violão clássico. Curiosamente, demorou a aprender e mostrava-se sem vocação para aquilo. Ainda bem que seu pai é que estava errado, desacreditando no filho e dizendo até, em tom de brincadeira, que ia quebrar o violão na cabeça de Ritchie. Para a alegria da verdadeira população mundial de fãs do Deep Purple e do Rainbow, ele seguiu carreira como guitarrista.

Com a guitarra nas mãos sempre foi muito virtuoso e hábil em improvisos. Foi o mentor do chamado neoclassicismo da guitarra: que tem influência de músicas eruditas da antiga Europa. Além disso, usa bastante a escala do blues, adequando-a facilmente à tonalidade desejada, sempre com a distorção ligada. Ao lado de Jimi Hendrix, se notabilizou como um dos grandes usuários dos amplificadores Marshall, que são extremamente fortes e resistentes.

Destro, sempre preferiu as Fender Stratocaster, por causa da disposição dos captadores. Aliás, uma das grandes curiosidades da música é o fato de Ritchie Blackmore retirar (ou desligar) o captador central de suas guitarras, deixando o som menos “mascado”, fazendo com que o reflexo do atrito da palheta (ou dos dedos) com as cordas fique mais suave. Outra marca do guitarrista é a mudança da chave de ativação do captador no meio dos improvisos, sempre alterando a sonoridade de sua guitarra. Explora bem a alavanca de tremolo, “entortando” os acordes sem desafinar o instrumento.

Na composição de riffs, utiliza muitas tensões, deixando a harmonia misteriosa. Na música mais conhecida do Deep Purple, Smoke On The Water (riff que executa com os dedos), fica clara essa característica. Aliás, essa canção conta uma história real: no início da década de 70, o Deep Purple ia gravar o álbum Machine Head num cassino em Montreux, na Suíça. Na noite anterior ao dia de gravações, haveria um show de Frank Zappa. Nessa apresentação, um infeliz da platéia disparou um sinalizador no piso, feito de bambu, do estabelecimento. O cassino foi incendiado e destruído. O grupo teve de gravar o disco no estúdio móvel dos Rolling Stones, que estava, na ocasião, na cidade suíça.

Todos esses dados e informações são importantes e constam com presença cada vez mais marcante na história mundial. Quem não conhece o Deep Purple (algo muito difícil), pode ser considerado um analfabeto em rock. São essas bandas e esses guitarristas, grandes personagens, que vão mudando o curso da história e ampliando cada vez mais a página escrita pelo rock’n’roll numa enciclopédia imaginária chamada história mundial.

BEAT
Armas e rosas nos clipes
Para quem gosta de clipes musicais bem feitos, com um enredo preparado e filmagem otimizada, a dica dessa semana é o DVD do Guns N’Roses Welcome to The Videos. São no total treze faixas com clipes de sucessos de várias épocas. Os modos de edição dos vídeos são variados: neles, são inseridas pequenas estórias, além de imagens feitas com a banda em estúdio e em shows. E é claro, não podemos deixar de citar a musicalidade suja, porém interessante, do grupo norte-americano fundado em 1985.

SEMIFUSAS
Legião no cinema
Para os fãs de Renato Russo e do Legião Urbana: a música Faroeste Caboclo, um clássico do grupo, foi adaptada para filme e suas gravações serão iniciadas no começo do mês corrente. A notícia da semana foi o desenrolamento de um processo que não permitia que a produtora começasse a filmar (as gravações teriam começado no final do ano passado). Isso aconteceu porque a gravadora do Legião, a Tapajós, tinha vetado na justiça as filmagens por se afirmar como única e exclusiva titular dos direitos autorais da banda. Porém, o STJ liberou o início das gravações. Para nós, o jeito é esperar o lançamento de tal película.

Sorria Jamaica

Esse é o nome de um show que será realizado dia 10, na cidade de St. Ann, na Jamaica, onde Bob Marley nasceu. A apresentação (“Smile Jamaica”) está por conta dos quatro filhos do rei do reggae e promoverá a paz mundial. O acontecimento se deve também ao aniversário de Bob Marley que, se estivesse vivo, faria 62 anos na terça-feira próxima, dia 6. Em maio desse ano, serão também completados 26 anos da perda de um grande soldado da paz, Bob Marley.