Edição 921 (6 de janeiro de 2007)

ARQUIVO
Aonde quer que vá



É a própria pessoa que mostra seu talento, não só empunhando uma palheta em uma mão e um braço de guitarra na outra, mas sim espalhando sua mensagem por onde quer que passe. Mas para que tanta, realmente, enrolação, se tudo que quero dizer se define em apenas um ilustre cidadão brasileiro, o guitarrista dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna? Pois é, Herbert Lemos de Sousa Vianna, e mais nada.

Nasceu em João Pessoa, na Paraíba, em 4 de maio de 1961. Logo criança se mudou para Brasília devido à vida militar de seu pai. Foi lá que conheceu Bi Ribeiro (baixo) e Vital Dias (bateria), fundando, em 1982, os Paralamas do Sucesso. Dali em diante não tinha mais jeito: o caminho deles, mas principalmente o de Herbert, estava traçado. Nesse caminho, bem no início, Vital teve de ficar para trás, dando lugar a João Barone, na minha opinião, um dos melhores bateristas do mundo. Nada que pudesse tirar a palavra “sucesso” da mira do trio. Foi justamente por causa dessa saída que a fama estourou junto da banda. Esse sucesso era Vital e Sua Moto, que rendeu o espaço necessário na mídia e o contrato com a gravadora EMI.

Nas guitarras, Herbert sempre usou bem os pedais de efeito, fazendo bases limpas em músicas de reggae e nos rocks mais pesados, usufruindo muito bem de distorções. Com estilo único, é um dos guitarristas mais virtuosos do mundo no quesito de improviso, sendo muito rápido e ágil.

Herbert Vianna tem também projetos paralelos, como os três álbuns solos já lançados: Ê Batumarê (1992), Santorini Blues (1997) e O Som Do Sim (2000). Como compositor, já poetizou várias canções para outros artistas, como os sucessos de Ivete Sangalo Quando A Chuva Passar e Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim.

Aliás, nas letras de músicas, sempre foi um compositor muito emotivo e realista. Nas chamadas músicas-protestos, foi marcante na luta contra a Ditadura Militar, na década de 80, com Perplexo e Selvagem, letras para se ouvir e ficar pensando por algumas horas. Nos tempos de hoje, Luís Inácio (300 Picaretas) é a poesia perfeita para definir o Poder Legislativo nacional. O título se refere a uma declaração de Lula quanto aos deputados brasileiros corruptos.

Uma das marcas registradas de Herbert Vianna é a cabeça raspada, que na verdade é fruto de um implante capilar mal sucedido. Na vida pessoal, já namorou por anos Paula Toller, do Kid Abelha. E mais tarde se casou com a inglesa Lucy Needham, com a qual teve três filhos.

Em 4 de fevereiro, o pior momento da carreira e da vida pessoal de Herbert: o acidente com o ultraleve na baía de Angra dos Reis. Na ocasião, Lucy morreu e o músico, que estava pilotando a aeronave, ficou quase dois meses internado, praticamente todo esse período em coma. Teve sorte de somente perder os movimentos das pernas e parte da memória, escapando da morte. Depois da fatalidade, compôs a música Aonde Quer Que Eu Vá, para a sua eterna amada esposa. Nessa canção, é notável o talento de escrever do apaixonado poeta Herbert Vianna.

Atualmente, quase seis anos após o acidente, ele recuperou a memória totalmente, mas continua paraplégico, o que, aliás, não o impede nem de tocar guitarra, nem de pensar, escrever e compor. Herbert segue turnê junto com os companheiros de banda, mostrando muita alegria, normal do caráter do músico, e vontade de viver. Tudo porque, aonde quer que vá, de pé ou sentado numa cadeira de rodas, estará com as idéias a mil, com os dedos fervilhando de ânsia em tocar no aço das cordas de uma guitarra. Mais uma vez: Herbert Vianna, e mais nada.

BEAT
Cidade do reggae
Quando se fala em reggae, não se pode deixar de fora a banda Cidade Negra, e o seu DVD Acústico MTV. O ritmo jamaicano de contratempo é marcante em todos os sucessos do grupo do vocalista Toni Garrido. Dentre esses sucessos, podemos destacar A Sombra da Maldade, abrindo o show, Firmamento, Onde Você Mora? e A Cor do Som, música de um fechamento fantástico. Foi nessa apresentação, gravada em 25 de novembro de 2001, no Rio de Janeiro, que o ícone do reggae nacional apresentou Girassol, o mais recente sucesso da Cidade Negra (antes do show, foram distribuídos girassóis para o público, para criar o clima de estréia). Nas participações especiais, Gilberto Gil. Nos extras, videoclipe de Girassol, making of, discografia da banda e multi-ângulo de duas músicas.

SEMIFUSAS
Reinvenção do som
O vocalista irlandês Bono, do U2, confirmou que nas próximas semanas a banda entrará em estúdio para a gravação do seu 12º álbum de músicas inéditas. Em entrevista à rádio britânica BBC, Bono diz que o quarteto pretende reinventar sua sonoridade, depois de “passar pelo ciclo que estávamos presentes nos últimos álbuns. Quero ver o que mais podemos fazer, ir para um próximo nível”. Bono ainda completou que talvez o rock possa ficar um pouco mais pesado. O álbum será o primeiro a ser lançado depois da coletânea U218 Singles e é esperado ainda para 2007. Da última vez que o U2 disse que iria em busca de novas idéias, em 1990, surgiu no ano seguinte a obra-prima Achtung Baby.

Mais uma pausa
A banda carioca Barão Vermelho anunciou que vai fazer mais uma pausa, só que desta vez indeterminada, para que os integrantes possam avançar com seus trabalhos solos, depois da gravação e da turnê MTV Ao Vivo. Mas, a boa notícia para os fãs do grupo que lançou Cazuza é o lançamento de um DVD triplo, em comemoração dos 25 anos de estrada. A previsão é que ainda em janeiro a coletânea chegue às bancas.