Edição 937 (28 de abril de 2007)

ARQUIVO
Marca de qualidade nacional

Nesta semana, vamos falar de uma das bandas brasileiras que mais tiveram prestígio, e têm até hoje, no exterior. São os fluminenses do Paralamas do Sucesso. Apesar de os três integrantes do grupo, Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, terem realmente nascido no estado do Rio de Janeiro, eles iniciaram a carreira em Brasília e foram a primeira banda do Planalto a descer para o eixo Rio-São Paulo, abrindo as portas para outras, como Legião Urbana e Capital Inicial.

A formação inicial do trio tinha na bateria João Vital, que logo deixou o grupo por motivos até hoje não explicados. Em seu lugar, um dos melhores bateristas do mundo: João Barone. Os três estavam prontos para compor e tocar boa música, porém, onde? Bi tinha a resposta: na casa de sua avó (que também lhe deu o primeiro baixo), em Copacabana. Os trabalhos começavam nas tardes dos finais de semana e se estendiam até as dez da noite. Inclusive, em um desses barulhentos ensaios, os vizinhos não suportavam mais e chamaram a polícia: o resultado foi uma pequena visita de um homem-da-lei para, em vez de proibir o grupo de tocar, tomar uma cafezinho e conversar sobre música com a vovó. O caso da avó de Bi rendeu até música, que foi lançada no primeiro LP do grupo, Cinema Mudo, de 1983, e chama-se Vovó Ondina É Gente Fina. Em um trecho da música, Herbert faz alusão à vistoria do policial, com um pequeno exagero: “Chamaram a polícia, mas que barra. Desliga essa guitarra que a coisa está indo de mau a pior. São trinta soldados contra uma vovó”.

Apesar desta engraçada música, o álbum não emplacou e a aposta da EMI, gravadora que assinou com os Paralamas por longo tempo quando ainda eram uma “banda de garagem”, se concretizou nos anos seguintes, com o lançamento do LP O Passo do Lui, de 1984, que tem, entre outras, as músicas Óculos, Meu Erro, Me Liga e Romance Ideal, e o show do grupo no primeiro Rock in Rio, já em 1985.

Outros discos que merecem destaque são Selvagem, de 1986, em que a banda evolui das letras adolescentes para canções totalmente politizadas e críticas, e o famoso disco D, resultado de um show memorável no Festival de Montreux, na Suíça, em 1987, que demonstra bem que os Paralamas são realmente a marca de qualidade do rock nacional, inclusive no exterior. Na minha opinião: a melhor banda brasileira da história.

Além do disco Arquivo 1990-2000, um dos últimos trabalhos do grupo foi o acústico da MTV, de 1999, que ganhou a premiação do Grammy como melhor álbum latino-americano de rock. Nesse show, a banda resgata um antigo sucesso do Legião que tem uma letra muito atual: Que País É Esse?

Após um período de recuperação do acidente com o ultraleve na baía de Angra dos Reis, Herbert Vianna canta e toca guitarra em cadeira de rodas, o que não mudou em nada a atitude moralista da banda. Os três integrantes, Herbert, Bi e João Barone, são exemplos de vida e de músicos, já que estão entre os melhores em seus instrumentos. O mercado fonográfico internacional se rende cada vez mais à música brasileira, com a MPB, a Bossa Nova e o rock dos Paralamas do Sucesso.

BEAT
Para quem não gosta de Guns
O Guns N’ Roses é aquela banda que consegue atingir os dois extremos de gosto da população mundial. Há quem adore de paixão e há quem odeie de não querer nem que citem o nome de tal banda. Talvez esse último grupo tenha ouvido somente as músicas mais pesadas, em que Axl “apela” nos vocais a la Robert Plant. Porém, duas músicas muito melodiosas e calmas do grupo agradam até os “anti-Guns”: Don’t Cry e November Rain. As duas têm harmonias muito interessantes e distorções e solos de bateria mais leves que o normal da sonoridade da banda. É o lado light, e muito bom, do Guns N’ Roses.

SEMIFUSAS
Mistura de ritmos
O Jethro Tull se apresentou nessa segunda-feira, 23, em Porto Alegre, relembrando os grandes sucessos desde os primeiros anos de estrada. São passados trinta anos de história do grupo de Ian Anderson, que, segundo a imprensa, não atraiu muitos fãs ao local, porém os presentes puderam presenciar um show com uma diversidade incrível de ritmos: blues, erudito, pop, country, rock. O ápice do show foi a execução de Aqualung, maior êxito da banda. Enfim, o Jethro Tull é um grupo que deveria ter um espaço mais merecido na mídia.

Pop Ira!
O Ira! acaba de lançar seu mais novo disco, Invisível DJ, que, segundo Edgard Scandurra, se apresenta mais maduro e com um toque pop, que suavizou a levada rock’n’roll que rege a banda. A maioria das canções foi composta pelo guitarrista (canhoto, como Jimi Hendrix), que completa dizendo que o grupo se empenhou fazendo um trabalho artístico no disco, que tem encartes e outros adereços, para que o público compre o CD original e não o baixe em MP3. Além de tudo isso, esse álbum marca a volta do Ira! ao lançamento de canções inéditas, algo que não acontecia desde Entre Seus Rins, de 2001.