Edição 923 (20 de janeiro de 2007)

ARQUIVO
Minha Santa Ana!



Meu Deus do céu! Invoquem todos os santos, pois um cara que toca guitarra desse jeito... só gritando nomes divinos mesmo pra ver se você está sonhando ou se é verdade mesmo que habita à face do planeta Terra um ser desse. Calma, o Ministério da Saúde (mental) considera: pode ler esse artigo, porque, mesmo parecendo, não é de autoria do José Simão. Se fosse Anna (leia-se o livro “Anna de Assis”, de Jeferson Ribeiro), com dois enes mesmo, os euclidianos iam ficar é possessos. Mas é por aí mesmo que vamos chamar a próxima atração dentre os melhores guitarristas do mundo, o mexicano Carlos Santana (meu São Carlos!).

Se alguém ainda não o viu esticar os dedos para “fabricar” notas mais agudas do que a guitarra pode ressoar, notas mais agudas do que a última contida no braço da guitarra, está perdendo um show de habilidade. Mas, vamos começar do começo, normalmente. Tudo iniciou-se aos 20 de julho de 1947 em Autlán de Navarro, no México, quando e onde Carlos Santana nasceu. O pai dele era violinista e, conseqüentemente, o primeiro instrumento que aprendeu a tocar foi o violino. Mas, aos 8 anos de idade, já migrou para a guitarra, a contragosto do pai.

Quando se mudou para São Francisco, nos EUA, na década de 60, fundou o Santana Blues Band, um grupo de seis músicos. O nome, mais tarde, seria abreviado para apenas Santana. Só que, depois de três álbuns lançados, o terceiro em 1971, a formação original da banda se desfez. Carlos Santana continuou em turnê com outros músicos convidados para manter a crescente popularidade do grupo. Surgia, para aquela época, uma inovação, que era uma mistura de música mexicana e blues, com um toque caribenho. Tudo isso incluído na sonoridade do Santana.

Nas décadas de 70 e 80, quando Carlos Santana adotou para a banda o curioso nome de Devadip, indicado por um líder espiritual que o guitarrista freqüentava, vários álbuns do grupo foram lançados e turnês pelos Estados Unidos se seguiram. Santana se firmou como um dos guitarristas mais habilidosos de todos os tempos. Nos seus improvisos, usa muito as tensões (notas fora da escala), e nos momentos certos, com tendências do mambo e outros ritmos caribenhos.

De lá pra cá, os fatos têm acontecido rapidamente para Carlos Santana: em 1998, entrou para o Hall da Fama do Rock’n’Roll; em 1999, lançou CD e DVD do álbum ao vivo Supernatural, ganhando, no ano seguinte, nove Grammys (igualou o recorde histórico de Michael Jackson). Aliás, na carreira, Santana soma dez Grammys, os nove do álbum Supernatural, e um que conquistou numa parceria com Eric Clapton. O guitarrista inglês disse certa vez a uma revista que “Santana é o cara com mais luz própria que eu já conheci”.

Santana não é mais uma palavra sinônima de uma banda, mas sim de um guitarrista que, ao longo dos anos, vem mostrando porque é, atualmente, um dos músicos mais respeitados no mundo inteiro. Ainda mais se estiver carregando sua guitarra. Depois que você descobrir que esse cara chamado Carlos Santana existe mesmo, aí pode crer que tudo é possível.

BEAT
Música velha de roupa nova
A dica dessa semana é o CD do grupo Roupa Nova, Ouro de Minas, de 2001. O disco conta com canções de compositores das Gerais, desde os membros do Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges e Flávio Venturini, até bandas mais atuais do rock mineiro, como o Skank. Detalhe: todos esses sucessos interpretados pelos músicos de extrema qualidade do Roupa. Participações especiais de Zélia Duncan, Elba Ramalho, Luciana Mello e Ivete Sangalo, que é marcante em uma releitura do clássico Sal da Terra, de Beto Guedes. Esse CD só vem comprovar um clichê já mais que manjado: a música mineira é uma das melhores do Brasil.

SEMIFUSAS
Elvis não morreu, se multiplicou
Não é algo novo fãs do ícone Elvis Presley se vestirem a caráter do ídolo para relembrar o rei do rock. No fim de semana passado, numa cidade do interior da Austrália chamada Parkes, 147 admiradores de Elvis, “devidamente” caracterizados, se reuniram para estabelecer um novo recorde do Guiness. Foi esse o número exato de pessoas cantando a inesquecível Love Me Tender. Até o prefeito da cidade não ficou de fora da farra, ajudando a compor o produto de uma multiplicação que vale a pena.

Mais Lee do que nunca aos sessenta
“Pela vida que levei, não imaginava que chegaria nem para o café da manhã do dia seguinte, quanto mais aos 60 anos”. Essa é a eterna ‘Tutti Fruti’ Rita Lee que está completando seus 60 anos de vida hoje. E em grande estilo: num show gratuito na praia de Copacabana. O público esperado deve ser enorme (tomemos por exemplo o Revéillon na Paulista em que a ruivinha agrupou dois milhões de pessoas). A apresentação será registrada e vai constar numa caixa especial com três DVDs dos 40 anos de carreira de Rita Lee. E por que não terminar com palavras da própria?: “Preciso de mais 60 anos para realizar a metade do que tenho na cabeça”.