Edição 991 (10 de maio de 2008)

Um top 8 diferente

a revista “Mundo Estranho” do mês de abril, foi publicada uma matéria que reunia oito álbuns musicais. Tudo bem, oito discos, pode ser até mesmo um “Top 8”. Mas não. Eram oito álbuns que são considerados os piores da história. Aqueles que, por serem tão ruins, passam a ser bons, ou melhor, clássicos. E como achei interessante esse achado, resolvi falar nesta semana sobre esses oito imortalizados lançamentos. Segundo o próprio autor da matéria, Ayrton Mugnaini Jr., “qualquer ‘zé-mané’ pode fazer uma gravação ruim. Mas só um ‘grande artista’ consegue criar uma obra tão péssima que mereça ser imortalizada nesta lista!”. Então, que comece a sessão tortura com os quatro primeiros integrantes da lista, que será completada na semana que vem.



A primeira pérola é um lançamento do rei do rock Elvis Presley. É o tipo de idéia que só deu certo porque estava escrito o nome do cantor na capa. É o álbum Having Fun With Elvis On Stage, de 1974. O conteúdo são os diálogos e piadas sem graça que Elvis fazia no meio dos shows. Um desastre... Só que, como a lavagem cerebral nos fãs era forte, o LP vendeu muito mais do que outros discos de música e até mesmo de humor.



Confesso que esse foi o que mais me impressionou. Lou Reed, em 1975, estava prestes a romper, de propósito, o contrato com sua gravadora. E só para sacanear, lançou um dos discos mais bizarros que já ouvi, o Metal Machine Music. Um nome chamativo. Os fãs correram e compraram o LP. Mas, ao colocar o “bolachão” para tocar, descobriram o verdadeiro mico que literalmente pagaram: um disco duplo com mais de uma hora de microfonias e distorções. O próprio Lou Reed confirma: “Ninguém que eu conheço conseguiu ouvir esse disco de uma só vez. Inclusive eu”. Faço das dele minhas palavras.




Florence Foster Jenkins tentou ser cantora de ópera. Tentou, mas não conseguiu. Em 1941, quando já passara dos 50 anos idade, decidiu gravar um disco, o Queen Of The Night, em que a soprano recitava óperas. A voz dela é até bonita, mas sem qualquer afinação. O álbum até fez sucesso, mais até pela coragem do que pelo talento de Florence, que retrucava a críticas: “Podem dizer que não sei cantar, mas não podem dizer que eu não cantei”.




O exemplo humano John Lennon deixou bem claro que todo mundo tem seu lado idiota. Em 1969, ele e Yoko Ono lançaram o Wedding Album, com apenas duas faixas. A primeira, apesar de não ser muito comum em álbuns de música, é até perdoada: uma entrevista. Porém, a segunda “incriminou” o casal. Durante meia hora, John e Yoko gritam e gemem o nome do outro sem qualquer acompanhamento instrumental. A calamitosa situação foi bem resumida por um crítico na frase: “Fica uma chatice depois do segundo John”.