Edição 919 (23 de dezembro de 2006)

ARQUIVO
Mais um blues, por favor



Nesta semana, vamos começar uma série de artigos sobre os melhores guitarristas do mundo. Desde os mais virtuosos até os mais simples, desde os mais conhecidos até os menos afamados pela mídia. Podemos viajar por todos os estilos musicais, mas, curiosamente, sempre falando desse instrumento mágico, que é tanto melódico quanto harmônico, e é claro, dos músicos que fizeram das seis cordas de uma guitarra uma imensa maré de influência nas gerações em que estiveram presentes.

E por que não começar logo com o ‘rei do blues’, a lenda viva BB King? Nascido aos 16 de setembro de 1925 na cidade de Itta Bena, no estado norte-americano do Mississippi, e até hoje seguindo carreira, é considerado um dos melhores guitarristas do mundo. Nos seus solos, costuma usar poucas notas, ao contrário da maioria dos guitarristas. Mas, inversamente proporcional à quantidade de notas usadas, está o sentimento, o chamado feeling, que B.B. King insere majestosamente na música. Certa vez, teria dito: “Posso fazer uma nota valer por mil”.

Riley B. King começou a tocar nas ruas para ganhar um dinheiro extra, em sua cidade natal. Aos 21 anos, em 1947, deu um grande salto no seu começo de carreira: foi para o berço do rock americano, onde moraria Elvis Presley, Memphis, com apenas sua guitarra Gibson semi-acústica e 2 dólares e meio. Mostrando habilidade, mas principalmente muito feeling, teve sua primeira participação em rádios num programa de calouros musicais. Isso abriu caminho para outras apresentações. Mais tarde, teve seu próprio programa publicitário chamado “King’s Sport”, com apenas 10 minutos de duração. O guitarrista foi se tornando tão popular que mais tarde seu programa de rádio teve seu tempo de duração prolongado e o nome alterado para “Sepia Swing Club”. Naquele momento de sua fama, precisava de um nome artístico. Por sua tendência ao movimento crescente do blues, foi apelidado de Blues Boy King, abreviando para, finalmente, BB King.

O apelido virou um dos nomes mais conhecidos e creditados do mundo. BB King era considerado por Jimi Hendrix o melhor guitarrista do mundo. O guitarrista negro aliado ao divisor de águas Hendrix venceu todas as dificuldades e preconceitos da época da Ku Klux Klan.

Além do grande músico Jimi Hendrix, BB King também conviveu e convive até hoje com outros grande nomes. No final da década de 80, gravou a música When Love Comes To Town junto com o U2, arranjando e fazendo voz e solos de guitarra.

Sua guitarra é uma das grandes curiosidades da música. Ele chama todos os seus instrumentos de Lucille. Isso acontece porque, no inverno de 1949, enquanto tocava em um salão no Arkansas, fazia muito frio e foi aceso um barril com querosene para aquecer o ambiente. Durante a apresentação, dois homens começaram a brigar atingindo o barril, virando-o e espalhando fogo por todos os lados. Na correria do momento, BB King esqueceu sua guitarra lá dentro, e foi até edifício em chamas para salvá-la. No dia seguinte, soube que duas pessoas morreram no acidente. E que os dois homens iniciaram a briga por causa de uma mulher chamada Lucille. O guitarrista diz que assim chama seus instrumentos para isso não mais acontecer.

No Brasil, em dezembro de 2006, há pouco mais de 10 anos, fez um show memorável, com uma inspiração extra, segundo ele, do calor do público. Hoje, BB King tem 81 anos e continua arranhando sua guitarra e fazendo seu blues. O tempo parece não ter passado tão rápido para ele.

BEAT
A lenda do funk
O DVD do grupo norte-americano Kool And The Gang, em virtude dos 40 anos de carreira, é um dos melhores no quesito produção. O som é impecável e a imagem usufrui da alta tecnologia das câmeras. Além de tudo isso, é claro, sem contar a competência dos músicos. Nos extras, making of do show. No cardápio musical, grandes sucessos como Celebration e Do It Again.

SEMIFUSAS
2014
Quando falamos sobre 2014, nos vem à cabeça: Copa do Mundo no Brasil. Mas não é só esse acontecimento que poderá agitar o país tropical. O Rock in Rio volta enfim ao Brasil. Segundo o empresário Roberto Medina, a Copa do Mundo será a grande estrela e o Rock in Rio, o co-protagonista. Enquanto isso, muita arruaça: o evento de 2007, que será em Madri, foi adiado para 2008. No fim das contas, o Rock in Rio 2007 será realizado depois do Rock in Rio 2008, que vai ser em Lisboa. Que confusão! Falando em confusão, os organizadores do evento esperam que em 2014 ela não se repita como na última edição que aconteceu por aqui, com um saldo de objetos atirados em cantores, artista mostrando o ‘retaguarda’ e outro até entrando pelado no palco.

Por direitos autorais
Nesta semana tumultuada, o guitarrista da banda inglesa Oasis, Noel Gallagher, acusou os conterrâneos do Green Day de plágio. A denúncia consiste em a música Boulevard Of Broken Dreams, do Green Day, ter a mesma harmonia de Wonderwall, composta pelos integrantes do Oasis. Noel disse: “Eles deviam ter sido decentes e esperar eu morrer. Eu, pelo menos, presto essa cortesia às pessoas de quem eu roubo”. Palavras ditas em entrevista à revista Stuff.