Edição 999 (5 de julho de 2008)

Um gênio incompreensível



im Morrison, em sua curta existência de 27 anos, produziu e deixou para nós, ouvintes meramente estúpidos, uma obra pequena em quantidade porém enorme em possibilidades de compreensão. As músicas totalmente doidas, com letras mais malucas ainda, são um golpe forte nos ouvidos dos marinheiros de primeira viagem do navio The Doors. Talvez a intenção de ser original tenha sido o motivo para a falta de lucidez e de sobriedade, ao pé da letra, da obra da banda norte-americana. E se você ainda está no estágio “Come on baby, light my fire”, esqueça, porque este clássico foi composto pelo guitarrista Robby Krieger, não pelo mente-indecifrável Morrison, que completou aniversário de morte nesta quinta-feira que se passou, dia 3 de julho. Jim foi encontrado sem vida na banheira de seu apartamento em Paris, em 1971. A causa da morte teria sido um ataque cardíaco aliado a complicações respiratórias, entretanto sempre houve a suspeita de uma overdose de drogas.

A inovação do The Doors começou pelo fato de o quarteto ser uma banda de rock que não tinha um baixista, algo no mínimo diferente, principalmente para aquela época. Mas mesmo assim Ray Manzarek, John Densmore e Robby Krieger davam conta do recado e seguravam a cozinha para a reprodução das loucas composições de Jim Morrison. O enredo das canções do The Doors sempre foi o mais louco possível, com relação tanto às letras quanto aos ritmos e melodias. Talvez por isso eu nunca tenha concordado com alguns críticos que classificam a banda como a maior de todos os tempos. Com absoluta certeza, foi uma das mais originais e até mesmo importantes. Mas não é das melhores para se ouvir. Não tem o algo a mais que te cria aquela vontade de ouvir a próxima faixa do disco.

Portanto, aqui apenas registro os 37 anos da morte de Jim Morrison. Pois não sei se estou num patamar inferior de compreensão, ou melhor, num local onde as portas da percepção não estão abertas, pois ainda não entendi a musicalidade da banda. Acho que, por causa dessa dúvida que se instiga nos ouvintes, é que a história e a discografia do grupo, ambas curtas, se tornam apaixonantes para eles. Confesso que essa curiosidade também me abateu, mas de uma coisa não tenho dúvidas. Desculpem-me os fãs, que normalmente são fanáticos, no sentido saudável da palavra, mas o The Doors nunca me apeteceu.

O NOVO BRAVE NEW WORLD


Às vezes as coincidências são tão fortes que nos remetem diretamente à realidade. Em outras tantas nos dão a oportunidade de soltar uma boa risada. É o caso desta foto retratando a frente de um ônibus da cidade de São Paulo. Algum desocupado (e detalhista) observou a casualidade, registrou-a e logo esta já estava na internet. Um amigo me enviou como curiosidade. O número de identificação do automóvel é o 666, o número da besta (na música, famoso pelo disco The Number Of The Beast, do Iron Maiden), e o ponto de destino anotado ao lado é o Jardim Novo Mundo (se associa ao disco do Maiden também, Brave New World). Rara coincidência.