Edição 992 (17 de maio de 2008)

Wander Taffo (1954-2008)

orreu, na quarta-feira desta semana, dia 14, uma importantíssima figura do rock nacional, o guitarrista Wander Taffo. Ele fez parte de grandes bandas do rock nacional, como o Rádio Táxi, o Secos & Molhados, o Made In Brazil e o Joelho de Porco. A surpresa minha se deu ao aliar sua idade à causa de sua morte. Wander tinha apenas 53 anos de idade — completaria 54 hoje — e faleceu por causa de um infarto. Ele nem tinha qualquer histórico da fatalidade. Procurou um médico alguns dias antes da sua morte e fez os devidos exames do coração, que não detectaram qualquer anomalia.

O Brasil inteiro ficou chocado com a morte de Taffo. Muitos músicos já deixaram sua homenagem, como o Lobão, que disse que “o rock está chorando”, e os irmãos Busic, que atualmente estão no grupo Dr. Sin mas apareceram pela primeira vez na banda Taffo, que foi formada pelo Wander e fazia um hard rock muito bom.

Wander Taffo foi um grande guitarrista, de técnica muito apurada. É considerado um dos melhores do Brasil e até mesmo do mundo. Foi um dos fundadores do EM&T, a Escola de Música & Tecnologia, que em seu site publicou a foto acima com a mensagem: “Você fará muita falta”. Fica aqui minha singela homenagem.

Um top 8 diferente (conclusão)

ontinuando a lista no mínimo estranha — foi publicada na revista “Mundo Estranho”... — que reúne os oitos piores discos da música, os quatro seguintes lançamentos que completam nosso “top 8 diferente” não ficam nenhum pouco atrás dos de semana passada. No quesito bizarrice, é claro. Se nas quatro outras posições, ícones como Elvis Presley (ou melhor, seu empresário-sanguessuga), Lou Reed e John Lennon figuraram no rol, na conclusão deste um nome será facilmente reconhecido, principalmente por quem é mais velho...

O The Shaggs é uma banda feminina, na verdade formada por três irmãs, que causa divergências. É porque praticamente o mundo todo acha que o disco lançado por elas, Philosophy Of The World, de 1969, é um lixo. E é mesmo: não têm noção nenhuma de andamento e de afinação! A história mais contada é a de que o pai das três Shaggs insistiu tanto que elas finalmente gravaram um LP. A diversidade de opiniões de que falei é por causa de uma declaração do mítico Frank Zappa: “São melhores que os Beatles”. Calma, Frank! Tudo bem que a coragem e o amadorismo das garotas são admiráveis, mas não é para tanto!


Vou usar uma citação do autor da matéria: “Imaginem um caubói texano gritando e uivando em cima de um acorde só e acompanhado por uma insana bateria. De repente, pinta um trompete que só faltou dizer: ‘desculpem, entrei no estúdio errado’...”. Eu fui comprovar se era isso mesmo e me assustei com o realismo das palavras do autor. É exatamente isso o que acontece com o disco Paralyzed, de 1968, do The Legendary Stardust Cowboy. O “peão” não poupa os gritos à la Frank Aguiar, sem contar o trompete desgovernado que aparece no meio das músicas, que não têm pé nem cabeça.


Preste atenção nisso: a série de TV “Jornada nas Estrelas”, a “Star Trek”, fez muito sucesso na década de 60. Os atores e produtores eram muito badalados pela mídia e convidados, ou forçados, a produzir coisas como o disco The Transformed Man, de 1968, do ator William Shatner, que fazia o Capitão Kirk do seriado. No LP, músicas populares da época foram recitadas por William. Reparou? Foram recitadas, não cantadas! E como o ator possui aquela pinta de canastrão, não hesitou em jogar todo o seu “charme” nas interpretações. No repertório, músicas como Mr. Tambourine Man, do Bob Dylan, Lucy In The Sky With Diamonds, dos Beatles, e até mesmo a bossa-nova Insensatez, do Tom e do Vinícius, na versão em inglês How Insensitive, viram verdadeiros dramas mexicanos na voz do Capitão Kirk.


Esse é considerado o pior disco de heavy metal de todos os tempos. Os norte-americanos do Cirith Ungol levaram tão a sério o conceito de agressividade do metal que a música deles chega a ser agressiva aos ouvidos, principalmente no álbum King Of The Dead, de 1984. As harmonias são até audíveis, mas os vocais, não sei se por defeitos na gravação do LP ou por problemas de nascença do cantor (o mais provável), são deploráveis. Entretanto, encarnando o espírito metaleiro, muitos críticos consideram o Cirith Ungol como o verdadeiro metal, escancarado para a simplicidade, sem muita frescura, sem preocupações. Talvez a banda fosse boa justamente se fosse única no mundo. Porque já produziram heavy muito melhor do que isso.