Edição 981 (1º de março de 2008)

Voltando aos anos 80 com a donzela de ferro

ais uma banda clássica está excursionando pelo Brasil nesse começo de ano. Depois de um fim de semana em que o Deep Purple visitou nossa terra, agora é a vez do Iron Maiden, uma das mais importantes bandas da história do heavy metal. A última vez em que vieram foi em janeiro de 2004 pela turnê do álbum Dance Of Death, passando pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, num show no estádio do Pacaembu e que, segundo quem esteve lá, foi fascinante.

Apesar de pouco tempo ter passado, a “donzela de ferro” vem com mudanças desde as turnês anteriores, principalmente no repertório. Diferente dos shows de 2004 e do Rock In Rio de 2001, quando o Maiden estava em fase de divulgação de discos recém-lançados, a turnê Somewhere Back In Time chega para fazer uma volta ao tempo. Com a formação da década de 80 mais o elétrico Janick Gers, a intenção da banda é relembrar os seus “golden years”, a fase áurea do grupo. Os principais álbuns relidos na turnê são Powerslave — o palco é idêntico, baseado em temas egípcios — e Somewhere In Time — apesar da mudança de sonoridade nesse álbum, sucessos como Wasted Years não poderiam ficar de fora; além de tudo, o nome desse disco é o que sugeriu o nome da nova turnê do Iron Maiden.

As apresentações no Brasil serão em três cidades: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, respectivamente nos dias 2, 4 e 5. Ou seja, amanhã já tem show do Maiden no Palestra Itália. E os ingressos deste já se esgotaram há tempos. Para falar a verdade, bem no começo do ano. Os 48 mil sortudos, mais outros tantos curitibanos e porto-alegrenses, vivenciarão a experiência mais desejada pelos milhões de fãs da banda no mundo todo.

Além de tudo isso, quem não gostaria de vibrar na extasiante introdução de uma das melhores músicas do Iron Maiden e que só abria os shows da World Slavery Tour na década de 80? Poucas pessoas do Brasil tiveram essa oportunidade, no Rock In Rio de 1985. Aces High contagia o público com a velocidade do riff principal, um dueto extraordinário que representa de maneira muito fiel o que era o som da banda nos “golden years”.

A fase de ouro do Iron Maiden tem vez garantida na nova turnê. Mas e os outros sucessos? É totalmente questionável a presença de dois elementos nesses shows. E vamos tentar contorná-los, já que fazem importante parte na história da banda. Janick Gers, depois da volta de Adrian Smith em 1999, deveria ter saído do grupo? Eu acredito que um “sim” seria muito radical, já que a energia que tomou o Maiden depois da entrada de Gers é indispensável a qualquer show de heavy metal. E se dois é bom, três é melhor ainda. Alguns amigos me indagam por que Fear Of The Dark vai ser tocada, argumentando que é uma música ultrapassada, composta sem Adrian Smith na formação e sem identificação qualquer com o clima da turnê. Concordo, mas a música é um sucesso indiscutível e já que tudo é uma grande volta ao tempo, por que então deixá-la de fora? Sugira isso a algum fã fervoroso para ver o que ele acha.

Um bom show a todos, para quem vai e para quem fica, como eu. O jeito é, depois da maratona do Iron Maiden no Brasil, sair procurando vídeos Youtube afora. Alguma outra sugestão?