Edição 934 (7 de abril de 2007)

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Uma volta por cima



O que se faz no mundo do rock depois de sair de uma banda por brigas? Normalmente, e principalmente na década passada, a resposta é: se afundar nas drogas e na bebida. Foi o que aconteceu com a maioria dos “incontáveis” ex-integrantes do Guns N’ Roses. Praticamente, todos os que já deixaram o grupo tiveram por motivo brigas com o vocalista Axl Rose, o “chefão” da banda.

O maior dos exemplos é o do guitarrista Slash, que faz parte da classe dos “guitars heroes”, os super-heróis da guitarra. Saul Hudson, o popular Slash, deixou a banda em 1996, pra variar, por causa de conflitos com Axl. Ficou um bom tempo esquecido no mundo musical, até que em 2002 se reuniu com outros dois renegados pelo Guns: o baixista Duff McKagan e o baterista Matt Sorum. No mesmo ano, foi chamado o também ex-Guns Izzy Stradlin, para reforçar as guitarras, porém o convite não foi aceito. Logo, juntou-se ao grupo Dave Kushner (guitarrista). O circo estava armado e só faltava o vocalista para o início das gravações da música Set Me Free, pronta para ser executada e inserida na trilha sonora do filme “Hulk” e no primeiro álbum da banda. O canal de TV VH1 criou um programa da espécie concurso para encontrar um cantor para a “experiente” banda (que ainda nem tinha se lançado). O escolhido foi Scott Weiland, que tinha acabado de se desconciliar do grupo grunge Stone Temple Pilots. Depois de gravar para a trilha do filme “Hulk”, novamente o grupo participou das músicas de uma película, desta vez de “Uma Saída de Mestre”, para a qual gravou Money, do Pink Floyd, com um solo fantástico de Slash. Nascia assim o Velvet Revolver, que a cada dia vai se afastando mais do fantasma do Guns N’ Roses.

E o Brasil vai presenciar a volta por cima dos integrantes do Velvet Revolver, que abrirá o show dos veteranos do Aerosmith, nesta quinta-feira, 12, no estádio do Morumbi, em São Paulo. Ainda não foi confirmada a possibilidade de a banda fazer mais uma apresentação, no Rio de Janeiro, na mesma semana. Para esse show, no Morumbi, Slash disse, em entrevista ao “Estadão”, que a banda prepara uma coletânea com sucessos do Guns, do Nirvana (Negative Creep, por exemplo) e da ex-banda do vocalista Scott. Além disso, será executado também o grande sucesso Wish You Were Here, do Pink Floyd, que, segundo Slash, tem sido um dos ápices do show em todos os lugares por onde passaram.

Adicionando-se a tudo acima, é claro que as canções próprias do Velvet, do álbum Contraband (2004), também marcarão presença. Já as que acabaram de sair do forno, do disco Libertad, podem ser tocadas, mas a chance é pequena, já que o álbum ainda nem foi lançado. Aliás, presentes nesse álbum estão também duas canções cover: Psycho Killer, do Talking Heads, e Can’t Get It Out Of My Head, da Electric Light Orchestra.

Não dá para se negar, que, na quinta-feira, os alvos das atenções serão todos focados em Scott Weiland e Slash. Nas apresentações do Velvet, Scott é um verdadeiro showman: veste quepe de Mussolini, dança, anima o público, enfim, é o mais entusiasmado com o trabalho que vem sendo feito pelo grupo. Já Slash, não é preciso nem dizer. O cara é um dos maiores guitarristas do hard rock, discípulo de Jimmy Page e o mais style da banda (com seus esvoaçados cabelos, cartola de mágico e óculos escuros redondos).

Pode-se dizer que o Brasil, nesse início de ano, está bem servido de shows internacionais: depois de ter recebido, no final de semana passado (dia 31 de março), o lendário Roger Waters e, em fevereiro, os britânicos do Coldplay (me falha a memória se já houve alguma outra apresentação desse porte), a “terra dos impostos (e dos apagões aéreos)” está pronta para acomodar num só dia Aerosmith e Velvet Revolver, que, particularmente, vem se demonstrando, através de seus integrantes, uma grande lição de vida de como se dar a volta por cima.

BEAT
Relembrando um sucesso
A dica dessa semana é uma música romântica que estourou nos anos 90. Composta e executada a violão e voz pelo grupo Extreme, More Than Words e sua melodia são repletos. O clipe da canção é em preto e branco, o que reforça ainda mais a idéia de romantismo. É uma música que já foi várias vezes regravada por outros artistas, porém estes não conseguem superar a original, que chega ao patamar de outros grandes sucessos românticos mais antigos, como Unchained Melody e Love Me Tender.

SEMIFUSAS
No extremo da confusão
Nessa semana, reinaram a confusão e a polêmica no mundo da música. Keith Richards, dos Rolling Stones, teria dito em entrevista a uma revista que “a coisa mais estranha que tentei cheirar foi meu pai”. Em seguida, ele confirmou que seu genitor fora cremado em 2002 e que, ao misturar as cinzas com cocaína, o mix “desceu bem”. Já na quarta-feira, Richards, que possui um vício por narcóticos mais que conhecido pelo mundo, desconversou e negou suas palavras, justificando que teria ocorrido um erro de interpretação do entrevistador que, aliás, se diz certo que a história não é uma invenção, pois há muitos detalhes, que não podem ser imaginados na hora. Um caso muito confuso e estranho, sem dúvidas.

Começo de ano punk

As bandas e artistas mais tradicionais do punk rock e do hardcore estão chegando aos baldes no Brasil. Só no final de semana passado, teve Pennywise e Ian Mackaye em São Paulo. O baterista dos Ramones já confirmou uma apresentação num festival de rock de Recife, nesse mesmo mês de abril. No sábado que vem, 14, presença confirmada dos americanos do Bad Religion na metrópole paulistana. E, ainda sem data definida, é praticamente certa a vinda da banda inglesa Buzzcocks no final do mês corrente. Ufa! O jeito é aproveitar e correr atrás dos ingressos que vão ser vendidos como água.

TRÊS
Três músicas para se ouvir depois de assistir a um noticiário:

Selvagem – Paralamas do Sucesso
Que País é Esse? – Legião Urbana
Rebelião – Skank